ISABELA PALHARES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Mais de 30 milhões de brasileiros com mais de 10 anos já fizeram algum tipo de aposta pela internet, segundo pesquisa do Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação) divulgada nesta terça-feira (9).
Isso quer dizer que quase 20% dos usuários de internet no Brasil já apostaram online. A aposta é mais frequente entre homens, que representam 25% desses usuários, contra 14% das mulheres.
Realizada desde 2005, a pesquisa TIC Domicílios analisou pela primeira vez o comportamento dos brasileiros em relação às apostas. O estudo foi feito entre março e agosto de 2025, entrevistando 24.535 pessoas de todas as regiões do país, seguindo dados do IBGE.
De acordo com o levantamento, 7% disseram já ter feito apostas esportivas pela internet, índice que sobe para 12% entre homens e cai para 2% entre mulheres.
Além disso, 10% dos homens afirmaram apostar em cassinos online, contra 6% das mulheres. Também 9% dos homens e 5% das mulheres pagaram para participar de rifas digitais ou sorteios em redes sociais ou aplicativos de mensagem.
Sobre loteria federal, 9% dos homens e 4% das mulheres já fizeram apostas.
Renata Mielli, coordenadora do CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil), alerta para o alcance preocupante das apostas online na população brasileira. Segundo ela, é necessário criar regras para regulamentar essa atividade.
“Este é um tema que preocupa toda a sociedade, não só pelo impacto econômico, mas também pela saúde mental. O número de cerca de 30 milhões de pessoas que já apostaram online é alarmante”, disse Renata Mielli.
Um estudo do Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde) estimou que os danos causados por apostas e jogos de azar geram um custo social anual de R$ 38,8 bilhões no Brasil.
Esses custos incluem perdas diretas para o governo e impactos sociais indiretos como perda de qualidade de vida e expectativa de vida, medidos em anos de vida ajustados pela qualidade.
Do total, R$ 17 bilhões são por mortes por suicídio, R$ 10,4 bilhões por depressão e R$ 3 bilhões por tratamento médico relacionado à depressão.
Enquanto isso, o setor de apostas arrecadou R$ 6,8 bilhões entre fevereiro e setembro de 2025, o que sugere que as apostas online podem custar à sociedade mais do que arrecadam em impostos, segundo dados da Receita Federal.
Apesar disso, a legislação atual destina só cerca de 1% da arrecadação bruta das empresas de apostas ao Ministério da Saúde para ações de prevenção e controle dos danos sociais causados por essas práticas.

